Insone;
postado na cama assistindo a vlogs literários e envolto a
pensamentos – enlouquecidamente.
Às
vésperas de ir conhecer o Rio, só durmo. Não tenho ânimo para
nada, só para dormir. Mas isso não é novidade.
Em
férias forçadas, tento me recuperar de um bullying coletivo sofrido
no trabalho. Saí – temporariamente – para evitar uma chacina.
Acabei
de ler o “Mais Pesado Que o Céu – biografia do Kurt Cobain e já
engatei na do Saramago. Aquele eufórico como o protagonista, este
chato, mas não menos brilhante como o seu.
Frenético
atrás de sexo, dormi um dia desses com o sêmen de um desconhecido
adormecendo dentro de mim. Como que se ele, ali dentro, fosse uma
companhia a minha solidão crônica e resignada.
A despeito do que acabei de expor, porei um poema de Drummond:
POEMA
DA NECESSIDADE
É
preciso casar João,
é
preciso suportar Antônio,
é
preciso odiar Melquíades,
é
preciso substituir nós todos.
É
preciso salvar o país,
é
preciso crer em Deus,
é
preciso pagar as dívidas,
é
preciso comprar um rádio,
é
preciso esquecer fulana.
É
preciso estudar volapuque,
é
preciso estar sempre bêbedo,
é
preciso ler Baudelaire,
é
preciso colher as flores
de
que rezam velhos autores.
É
preciso viver com os homens,
é
preciso não assassiná-los,
é
preciso ter mãos pálidas
e
anunciar o fim do mundo.