terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Chegou, Chegou, Chegou!



Nunca pensei que ficaria tão feliz por receber um livro.
Minto, pensei e já fiquei sim...
e inúmeras vezes.
Recebi hoje, 17 de dezembro de 2013, o perdoe-me tanto laquê, da Juliana Gervason. Recebi-o no trabalho, com dedicatória. Li-o na meia hora final do expediente e o reli no ônibus. Segurei-me para não transbordar em alguns trechos. A coragem de se deixar ver através das palavras me emociona.
A POESIA ME EMOCIONA.
Como não acredito em coincidências, apesar de achá-la uma palavra bonita, este livro veio quase que concomitantemente com o meu primeiro Clarice (A Paixão Segundo G.H.).
Ainda sem me recuperar de minha primeira imersão em Clarice, mergulho, e fundo, na Gervason, mesmo que protegida por laquê.
Elas agora vão ficar lado a lado em minha incipiente estante.
das carências, é assim, um dos que mais me chocou.

Com a licença da autora, pô-lo-ei aqui:

- carência, seu moço, o que é carência?
-carência é vazio, menina. é não ter. é falta. é hiato.
- mas carência dói?
- não, carência não se sente, tem.
- então carência é assim: quando cê recebe um email de vírus, que fala “te amo” no assunto e cê tem vontade de abrir assim mesmo.
porque cê sabe que é vírus. Mas é que o te amo, ainda que dito por um vírus, acalenta um pouco o que dói lá dentro e cê acha que até ser amado por um vírus é ainda melhor do que não ser amado por ninguém?
Juliana Gervason, in perdoa-me por tanto laquê.

AH! Como diria Fernando Pessoa:


ESTALA CORAÇÃO DE VIDRO PINTADO!

sábado, 7 de dezembro de 2013

COMPLETAMENTE APAIXONADO


Eu queria era me enganar!

Quem acreditou naquele papo de que eu sou o ruinzão, que iria fazer meu amigo do trabalho se apaixonar por mim e depois deixar pra lá. Bem, eu queria era me enganar.

Aquela semana na qual fiquei sem falar com ele, foi a pior semana para mim.

Quase morri.

E cada olhada que ele me dava, discretamente, levantando um pouco a cabeça, era como um tiro de revólver.

Nunca conhecera um cara assim antes, ele, depois de todas as malcriações que o fiz, veio com aquele sorriso e aqueles olhos azuis, me ofereceu um bombom com um _ Toma, é pra você. (disse isso com a voz mais doce do mundo). Eu recusei e agradeci.

Eu queria morrer e não conseguia!

No dia da comemoração dos aniversariantes do mês, eu o dei seu presente – um livro – e o abracei. Ele me perguntou _ porquê eu estava sem falar com ele, e eu desconversei. Fizemos as passes, mas eu é que morri.

Estou muito apaixonado por ele, e o pior, sofrendo de amor.


Vou acabar este post com a promessa de voltar aqui para falar sobre a ida do Madiba e vou postar um poema de uma vlogueira literária que eu adoro, a Patrícia Pirota, e que foi lida pelo HPcharles na semana de poesia do Vlog da Thati.

Cada Pedaço de mim - Patrícia Pirota

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estala, coração de vidro pintado!



Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado! 

Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ainda “Menino Mal”



Parafraseando uma vlogeira (http://www.youtube.com/user/patriciapirota), que, por dizer ter dislexia, eu me identifiquei bastante.

Bem, lembra-se daquele colega de trabalho que eu disse estar apaixonado?

_ Pois é! Estou!


Nossa! como que uma pessoa pode ter a mente tão doentia assim?


- Deixa o garoto em paz, ele é recém-casado;

- Deixa o garoto em paz, ele tem uma filhinha com menos de um ano;

- Deixa o garoto em paz, ele gota de ti, mas como amigo (aliás, coisa que vc não tem. Por que será, heim?!).



Apesar de minha mente repetir essas frases como um mantra, a mesma mente quer ver até onde pode ir o jogo de sedução que não passará de uma noite, se concretizado.

Porra, por que caralho ele é tão apaixonante assim, e por que caralho ele foi sentar-se bem ao meu lado?
Por que caralho ele me olha com aqueles olhos azuis piscina, e por que caralho ele demora quando aperta minha mão.

Estou ficando cada vez mais louco, arrumei uma briguinha besta e parei de brincar com ele na sala. Só falo agora sobre assuntos profissionais que é para fazê-lo sentir minha falta.

Vou dar o golpe de mestre na festa dos aniversariantes do mês, que será na sexta-feira (28/11/2013); vou fingir que não vou comparecer, sendo que, além de ir, vou dar-lhe um grande abraço e um livro – tipo relíquia – que sei que ele vai adorar.

Não sei se vou para o céu ou para o inferno, não sei onde vou parar, mas vou até onde me permitirem. Só minha mente me guia.
Tô nem aí!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Navio Negreiro


Se há algo que eu tenho orgulho é de pertencer à raça negra. Quem é filho de quem eu sou não tem outra escolha, a não ser se prostrar diante da “dor e da beleza de ser o que é”. Eu já nasci com história, sou apresentado pela minha cultura antes mesmo de dizer meu nome.
Eu sempre brinco dizendo que se o Caetano Veloso me pedisse em casamento, eu não pensaria duas vezes. Mas acho que nenhum ser humano recusaria um pedido de casamento do Caê
No CD Livros, ele tem a música homônima ao  poema de Castro Alves de 1969; Navio Negreiro. Postarei abaixo um vídeo da música com imagens do filme Amistad , de Steven Spielberg e a íntegra do referido poema.

Enjoy!





Navio Negreiro
Castro Alves

  I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 

'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... 

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 

Donde vem? onde vai?  Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam,  
Galopam, voam, mas não deixam traço. 

Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 

Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 

Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia... 
.......................................................... 

Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 

Albatroz!  Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. 
 

II
     
Que importa do nauta o berço, 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! 
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. 
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após. 

Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão! 

O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou), 
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir.. . 
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! 

Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, 
Homens que Fídias talhara, 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... 
 

III
     
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!


IV
      
Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 

E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
          Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
          E ri-se Satanás!...  
 

V
     
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 

Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são?   Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 

São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 

São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael. 

Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, 
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... 
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!... 

Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer. 

Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar... 

Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer. . 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!... 

Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ...


 VI
        
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Rose Marie Muraro




Numa dessas madrugadas insones, assistindo descompromissado a uma entrevista de Gabi a Debora Falabella, vi, lá pelo time 31:13 do vídeo abaixo, um pedido de “dá uma força” a uma escritora e ativista feminista brasileira.
Como eu acho de muita coragem alguém insigne pedir ajuda se desfazendo do orgulho ou por saber que já deu muito de si - e só quem escreve ou entra em uma luta intelectual o sabe (sangue sobre a pauta), resolvi postar a foto, o vídeo, uma minibiografia, sua bibliografia e, claro, a conta para quem queira ajudá-la.
Eu farei a minha parte.

Um povo é sabido também pelo que faz de seus ídolos!



“Oriunda duma das mais ricas famílias do Brasil nos anos 1930/40, aos 15 anos, com a morte repentina do pai e consequentes lutas pela herança, rejeitou sua origem e dedicou o resto da vida à construção de um novo mundo: mais justo, mais livre. Nesse mesmo ano conheceu o então padre Helder Câmara e se tornou membro de sua equipe. Nos anos 60, no golpe militar teve como alvo não só os comunistas, mas também os cristãos de esquerda.”
Bibliografia:

· Educando meninos e meninas para um mundo novo (2007)

· História do masculino e do feminino (2007)

· Uma nova visão da politica e da economia (2007)

· História do meio ambiente (2007)

· Para onde vão os jovens (2007)

· A mulher na construção do futuro (2007)

· O que as mulheres não dizem aos homens (2006)

· Dialogo para o futuro (2006)

· Mais lucro (2006)

· Espirito de deus pairou sobre as águas (2004)

· Por que nada satisfaz as mulheres e os homens não (2003)

· Um mundo novo em gestação (2003)

· Amor de a a z (2003)

· A paixão pelo impossível (2003)

· Feminino e masculino (2002)

· As mais belas orações de todos os tempos (2001)

· Textos da fogueira (2000)

· A alquimia da juventude (1999)

· Memorias de uma mulher impossível (1999)

· As mais belas palavras de amor (1996)

· Sexualidade da mulher brasileira (1996)

· Seis meses em que fui homem (1993)

· A mulher no terceiro milênio (1993)

· Poemas para encontrar deus (1990)


Para Ajudar:

Conta Corrente: 1833-3
Agência: 2736
Banco Bradesco

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Orgulho

Nada melhor para começar as comemorações da Semana da Consciência Negra, que o orgulho do nosso Presidente do STF, Dr. Joaquim Barbosa.


Eu, que faço parte do sistema como funcionário público, sei e vejo as armadilhas e tentações em cair na ilusão de que roubar um pouco não vai prejudicar ninguém.

Entendo o impulso que leva os excluídos a fazê-lo para alimentar a família ou mesmo para poder comprar um tênis e roupa de marca com o intuito de ser aceito por essa sociedade consumista e elitista.

Contudo, envergonho-me quando um engravatado, que tem a seu dispor todas as oportunidades de crescer de forma lícita e se sente revoltado quando sua filha é estuprada ou sua casa é invadida e não percebe que suas ações no dia a dia são responsáveis sim por todos os males que o cercam.

Não sou nenhum santo, quando estava do lado de lá, pintei e bordei com os integrantes do sistema. Mas, agora que estou do outro lado, podo-me a me virar com o salário que recebo e a ajudar a quem está ao meu redor.

Parabéns Ministro!

Para mim, o maior desacato à autoridade é ser parado na rua por seu estereótipo e escutar a vergonha inefável quando a autoridade é impelida a proferir: ele(a) está limpo(a), vamos liberar.

Ironia:

O condenado e agora presidiário José Dirceu, fez parte da residência que lutou contra a ditadura de 64, sendo agora punido pela democracia que ajudou a implantar.


José Dirceu (o segundo em pé, da esquerda para a direita), junto com os demais prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador norte-americano. 

Até parece que foi ontem.



Em 19 de maio de 2009, comecei a tomar meus remédios e os tomo té hoje.




Ver história em: noitesemfim.zip.net

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Meu Resultado do Exame de HIV.

Super amassado, pois já o escondi nos lugares mais esdrúxulos possíveis.


Sem camisinha, só com risco compartilhado agora!!!


Sem querer parecer pudico, ou ter falso moralismo, como muitos por ai, acho que tenho o direito de mudar meus pensamentos e atitudes. Antes tarde do que nunca.

Quem acompanha meu blog já deve ter visto as mudanças pelas quais passei.

A primeira impressão que se tem quanto se recebe o resultado de HIV +  é a de: Vai-se morrer. Contudo, o tempo  passa e não se morre, aí alguns atos praticados naqueles primeiros meses parecem sem motivação agora.

Digo do fato de ter transado sem camisinha assim que me descobri soro-positivo, realmente achei que iria morrer logo. (o que, claro, não justifica)

Tenho todos os defeitos e qualidades de qualquer ser humano. O anonimato protege-nos dos julgamentos e só com ele é possível praticar a verdade absoluta.

A sociedade exige-nos uma dose de hipocrisia para sobrevivermos.

Um fato que faz sentir-me melhor é o de que minha carga viral sempre esteve abaixo do mínimo para ser detectável, assim, a chance deu ter infectado alguém, apesar de existir, é baixa. Espero do fundo do meu coração não ter infectado ninguém e se eu pudesse voltar atrás, com o meu pensamento de hoje, talvez tudo tivesse sido diferente.

Mas estou preparado para pagar pelas minhas responsabilidades e acho até que já estou pagando.

Não gosto de dar conselhos, pois eu mesmo não os sigo. Aprendo com meus erros e só aceito deliberações da minha mente. Mas as experiências de outrem sempre nos guiam, mesmo que inconscientemente.

 Ainda acho gostoso o sexo sem camisinha, mas não o pratico irresponsavelmente. Tenho que prezar, acima de tudo, pela continuidade do meu bom estado de saúde.

Por isso eu digo: _ desconfiem de todos e de tudo, pois só a si mesmo poderão se entregar às cegas.

Os outros têm vários senões de comportamento. Cuidem de vocês... que eu cuidarei de mim... e vamos todos sermos felizes....  

Abraço a todos!!!

Obs. Isso não é uma despedida. Ainda encherei o saco de vocês por muito tempo.

HIV - Parte 3

Vou contar como acho que peguei o vírus HIV em três partes...

Parte 3: Reação Surpreendente

A essa altura já estava meio que ciente... Não tinham mais alternativas. Fiquei calado, não contei a ninguém e pasmem, sabe qual foi minha primeira ação: fazer sexo sem camisinha e sem culpa .

Corri p/ uma lan house, fui ao bate-papo UOL e marquei p/ ser passivo com um militarzinho. Ele foi lá em casa e no tesão sentei lá sem camisinha. Foi muito bom... Essa seria apenas a primeira vez que transaria sem camisinha sabendo ser HIV +.... Fiz isso com freqüência depois que soube do resultado.

Sempre fui um cara que esbanjava saúde, demonstrava isso.  Ninguém notaria que eu era HIV+. Isso me deu mais coragem para fazer sexo gostoso e sem culpa enquanto eu podia. Não me preocupava em passar o vírus e não tenho nenhum remoço quanto a isso.

Peguei o vírus por não me cuidar e se algum cara transasse comigo sem camisinha era por ser portador do vírus tbm ou por estar bancando seu próprio risco. O prazer do BareBacking (expressão usada p/ sexo sem proteção) é muito bom. Na realidade não dá pra sentir a gala quente entrando no seu cu, como dá na boca, mas o contato com a pele sem obstáculo algum é muito bom.

NÃO TÔ FAZENDO APOLOGIA A PORRA NENHUMA, SÓ ESTOU CONTANDO A MINHA EXPERIENCIA, E SEM PUDORES.

Devo ter passado o vírus para uns 15 caras ou mais, sem contar com a WEB que o sexo é (um passa pra um que passa pra outro). Aí vc pode me perguntar: Você se orgulha disso? Eu responderei: NÃO. Mas também não me envergonho. Meu real sentimento é o de liberdade sexual e vou aproveitá-la enquanto os sintomas não aparecem.

2ª. Parte: Deu Caroço no Pescoço...

Enquanto me arrumava p/ uma balada, notei o aparecimento de uns gânglios na região do pescoço.

Olha a foto abaixo e veja como estão hj em dia:

Gânglios na região do pescoço.



Fiquei encucado, mas esperei um tempo. Como não sumiram, ao contrário; apareceram outros, fui ao CTA da Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília; assisti a uma palestra, muito boa por sinal, e fiz o teste. Semanas depois fui buscar o resultado (estava muito nervoso e já tinha feito vários planos p/ se tivesse com o vírus. Ex.: levar drogas p/ fora do país até morrer, garantindo assim um futuro melhor p/ minha família). Mas a psicóloga disse: _ você não tem nada ai, só saúde.... Naquele dia eu nasci de novo, tirei um peso da minha cabeça e fui curtir minhas férias, fim de 2007 e inicio de 2008, cheio de felicidade.

Contudo, na volta, os gânglios não melhoraram e cresceram mais um pouco. Apareceram outros tbm, na nuca e atrás dos ouvidos. Chorei um pouco, pensei ser algo como câncer. Preferiria que fosse. Quando resolvi alguns problemas no me plano (Geap), fiz uma série de exames, menos o de HIV. Todos deram normais. Aí fiz o meu quarto teste de HIV e point: P.O.S.I.T.I.V.O.

Vou contar como acho que peguei o vírus HIV em três partes...


1ª. Parte: Os Vacilos ...

Nunca havia transado sem camisinha, juro. Apesar de ser altamente promíscuo.

(Só não transava com meus namorados. Sou AMALDIÇOADO para o amor. Sério, não sei por que, mas só gosto de transar com quem não conheço,com quem sei que será só gozar e ir embora. Com meus namorados curtia beijos, carícias e declarações de amor. O sexo pra mim é algo efêmero)

Depois de um tempo fudendo diariamente e com mais de um parceiro, comecei a ter curiosidade em sentir os meus parceiros, clientes ou não, sem camisinha. Comecei com o sexo oral: começava chupando sem camisinha, mas não deixava o cara gozar dentro. (obs.: se o cara babar, pouco que seja, você pega o vírus do mesmo jeito). Mas, quando eu via aquele cara bonitão, sarado e com aquele pauzão, não resistia e deixava-o gozar. Às vezes corria p/ o banheiro, cuspia e já escovava os dentes ou, dependendo do tesão, eu engolia a gala toda.

 (Tenho muito tesão na porra, mas só enquanto não gozo, depois eu sinto nojo e nem chupar eu dou conta mais).

Nesse meio tempo vim duas vezes à SP, e vacilei algumas vezes nos cinemas eróticos do centro. Também aceitei penetração sem proteção de uns dois caras e fiz com um cliente (novinho e muito bonito, gostava muito dele). Mas sempre sem ir até o final....

Fazia beijo grego tbm, que é lamber o cu do cara, ou seja fuder o cu com a língua. Eu lembro que fazia com gosto. Principalmente com alguns clientes que eram limpinhos e tinham um bundão lisinho.

Numa dessas devo ter pegado o HIV (a Tia, Marvada, Maldida, Bruta....)

Estou apaixonado por um colega de trabalho.

...Quando eu morava em uma pausada em Brasília, um ex-pastor – que lá residia – me disse: “você tem a pomba gira em você!”. Disse isso do nada mesmo. Fiquei puto e liguei isso logo à questão da sexualidade.



Esse meu colega de trabalho é magrelo, acho-o feio, loiro (não gosto de loiros), é recém-casado e tem uma filhinha linda – com menos de um ano. Ele senta ao meu lado, é uma doçura de pessoa, muito atencioso e tem uns olhos vedes que quando eu falo com ele, não consigo parar de olhá-los.

O pior é isso, ele não é o tipo de homem que me atrai, e acho que a única razão de eu estar tentando persuadi-lo a ter um caso comigo é: A DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA.

Tenho vergonha de mim, sei que se ele largar a sua família para ter um caso comigo, não vou levar isso adiante, pois não abro mão de minha individualidade e de ser sozinho.

Eu fico com ciúmes quando ele dá atenção à outra pessoa, pego na mão dele escondido por debaixo da mesa e ele corresponde, trocamos presente frequentemente; é como um início de namoro.

Não sei aonde isso vai dá, mas não vou me deixar usar por essa força do mal, acho que vou pedir transferência. Ele não merece isso, nem eu. Não sei se é muita carência, pois ele foi almoçar com uma colega nossa de sala e até chorar eu chorei. É FODA.

Não sei o que fazer!?

Vou postar esse vídeo aí em baixo, só para desopilar um pouco.


domingo, 10 de novembro de 2013

Hoje eu acordei querendo ser o Jamelão!

Hoje, domingo, acordei querendo ser o Jamelão, o interprete da Mangueira. Tem um clipe da velha guarda em que ele entra com seu cachado como se fosse uma estrela longínqua e venerada.
Só ouvi samba neste domingo. Fiz meu almoço tarde - macarrão Penne ao molho bolonhesa - e, claro, Stella Artois, a única cerveja que bebo.



Fui à capital pegar meus remédios para os próximos dois meses, como o médico entrará de férias em janeiro, voltarei lá para renovar os medicamentos em dezembro. "  Às favas com o escrúpulo", filmei um pouquinho da sala de espera...


 



sábado, 2 de novembro de 2013

Dia dos Mortos

Oi, pessoal, bom Dia dos Finados - a quem sobreviveu ao Dia das Bruxas.
Ontem não tive trabalho, como funcionário público, foi dado o Dia de Todos os Santos como facultativo. Hoje – sábado, Dia de Finados, amanheci com um início de febre e não soube detectar de onde teria vindo, já que, a única coisa de novo que me lembro teria sido a compra de um óculos.
AH, falando nisso segue a foto dele, com minha biblioteca que está ficando linda.


Hoje em dia, estou lendo dois livros concomitantemente: On the Road, de Jack Kerouac e O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago.

Do primeiro, já estou na página 142, início da 2ª parte, na edição da L&PM Pocket; do segundo, estou incipiente, na página 30 e alguma coisa...
Tem um trecho do livro do Kerouac que adoro, e é repetido constantemente no livro: “apaixonei-me pelo jeito que ela disse L.A., Eu adoro o jeito como todos dizem L.A.” esse trecho está na página 110 (do pocket book) e é quando Sal encontra “a mais deliciosa garota mexicana”, na plataforma da rodoviária.
Então, depois do aparte, acho mesmo que o início de febre deve-se por eu ter dado para um vigia de pau grande. Dei em casa mesmo e foi sem camisinha, sim! Não sou nenhum santo e já sei que não vou para o céu mesmo. Continuando, dei, e ele tinha o pau grande e grosso, acho que deve ter rompido algum vaso anal. Ah! Ele gozou dentro. Ah! de novo – como sempre.

Mudando de assunto, e sem pedir desculpas de nada, quero compartilhar convosco um vídeo lindo da Nina Simone, ela parece uma rainha africana esfacelando canções.


Bom Noite a Todos...

domingo, 27 de outubro de 2013

Dia do Funcionário Público

Bem, Galera.
Como amanhã é dia do funcionário público, estarei de folga. O prefeito fez uma gracinha e pagou-nos na sexta. Não sei se é bom ou ruim, pois antes do dia 1º devo ter gasto todo o dinheiro.

Estou com um guarda-roupa novo e comprei um colchão inflável e um relógio. Sabe aqueles colchões azuis, pensei que fosse fácil de enchê-los, porém é com o pé e ainda não estou nem na metade.


Ah, só para eu não passar vergonha, para que serve esse brinde que veio com o relógio – o que está marcado de amarelo, parece que é pra vinho, mas não sei para que serve.

Um abraço e boa semana a todos...


sábado, 19 de outubro de 2013

O homem que dormia para não viver

O homem que dormia para não viver

Tomei coragem e vou pôr aqui um recorte de um conto que deve integrar o projeto de um livro meu, gostaria de saber a opinião de vocês, que leem meu blog: 
O homem que dormia para não viver

            Naquela manhã eu não queria acordar. Não queria ver o mundo. Quando a minha mente despertou, neguei-me a abrir os olhos. Cheio de compromissos chatos; à noite minha mãe ligaria, os bons-dias que teria de dar me massacrariam. Não, não quero abrir os olhos. Não, não vou abri-los. Passar os dias nesta cama me poupará do mundo. Mais que isto: poupará o mundo de mim.
Dormir é o mais próximo da morte que eu consigo.
Numa kitnet toda branca, numa cama conjugada forrada com uma colcha florida e clara, na tv ligada na tela azul do modo AV, nos três travesseiros com fronhas desiguais, na barba por fazer, na ressaca de beber sozinho em casa – capeta – ouvindo fitas-cassetes piratas de um novo jazz; despertaria para mais uma semana de trabalho na secretaria de uma prefeiturazinha, numa sala com mais dois colegas de trabalho, num computador com recursos limitados.
NÃO!
Não vou tentar nem abrir os olhos. A claridade me atirará para realidade, mas eu resolvi que não vou mais acordar. A fome, a dor, as necessidades, o telefone, o trabalho e os conhecidos serão resolvidos em sonho.
Num puff branco quadrado, cartas de suicidas; na tv, o azul da tecla AV continua a azular todo o quarto; sobre a cama, meu corpo estendido – pelos ouriçam, olhos vidram – só os braços se mexem.
Estico o esquerdo e cato no puff folhas de papel A4 com as cartas impressas. Leio-as lentamente como que degustasse palavras. A leitura funciona como um sonífero para mim. Escolhi as cartas de suicidas não por nada em especial, só por estarem sempre ali, à mão. Em verdade, gosto do que leva mais de uma leitura para se compreender, mas não a abro mão, mesmo que mais de duas tenha que ler.
Passei toda o domingo comendo coração de galinha para ver se algum amor entrava em mim. Mas eu bebia. Acho que o álcool cortou o efeito.
Tudo somado, os olhos de estatelados passam a lassos, o corpo já estava parado, os olhos a pestanejar, a nublação invade minh´alma. Durmo. e voo por entre árvores e bem alto. É tudo tão feérico aqui de cima. Só seres vivos – filosoficamente falando – a vida é só isso mesmo, para se existir? não vejo humano em plano aberto algum. Só verde, marrom e roxo. e o nada. Penso em nada; só voo. Braços abertos ou fechados. Nada bate em mim, não encosto em nada, não sinto nada. Sou o NADA ali. Aqui não se há noção de tempo: é tudo metafísica.
Das noites que precisava acordar, só me recordo do balançar das pernas. Um autoninar-se desconcertante.
Vou ao encontro de Aurora, vejo-a do alto guardando-me, irrompo os portais e pormenorizo meu dia. Enfatizo os corações de galinha – deixo o capeta latente, sei que ela não gosta que beba – ela diz que sente minha falta, a falta de meu abraço, ela é real eu; obnubilado.
Vou falar com Cássio, meu colega de trabalho. Ele não está, mas deixo recado, sentado, no cominho que ele o fará.  ‘NÃO VOU MAIS ACORDAR, SEGUNDA SUGURA AS PONTAS LÁ!’ o Cássio é tão resmungão, irá reclamar tanto ter que acabar os relatórios circunstanciados sozinho, que, quando o vejo bocejar, já o imagino iracundo a me maledizer. À sua espera, malocado, um abraço é deixado.
Na volta ao alto, converso com o tio Zécarlos, ele diz que coisas boas virão, mas que ainda não são os números da Mega que me prometera antes de partir. Pergunto o porquê, ele diz: não depende só de mim. Entendo, desentendendo. Rio-me, e voo-me.
O vento daqui é brisa, é nem frio nem quente: é como se o mar estivesse bem a nossa frente. Não resisto e canto. Baixo, claro, pois qualquer passo em falso eu caio.
Como aqui não tenho dinheiro, não pago. Mas me justifico aos credores que encontro no caminho; pelo-sim-pelo-não.
Dentro do sonho sonhei que tinha acordado, quando abri os olhos, estava em casa. Tinham se passado 27 dias e 27 noites. Acordei atordoado, e estonteado – agora como maravilhado – no espelho do meu quarto, pude ver uma marca marrom de batom em minha bochecha esquerda.
_ desde quando estás aqui?
_ desde o segundo dia, meu filho.
Minha mãe – Dona Aurora – não saiu dali de junto de mim desde que a ligação de telefone não atendera.
Não quero viver. Não gosto. Durmo muito, sinto culpa ao acordar, por ter dormido muito. Dormir é o mais próximo da morte que eu consigo sentir. Viver!
São todas sensações. Todas as sensações. Às vezes eu queria abrir os olhos e ver o que estava acontecendo, mas nem pra isso eu presto.
Posto assim aqui, isto parece até mentira.
Antes fosse.
Tudo aconteceu.

Só a mãe que não era a minha. 
(Perambulante)